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O presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, declarou que a luta contra o narcotráfico não dá quaisquer resultados e que chegou a altura para pensar na possível legalização de drogas e do narcotráfico. Em uma cúpula especialmente convocada dos chefes dos países da América Central, o presidente declarou que a guerra aberta contra a narco-mafia está perdida

Nas suas palavras, nem a polícia, nem grupos especiais anti-drogas, nem mesmo as Forças Armadas são capazes de resistir à propagação de narcóticos. “A estratégia que utilizámos nos últimos quarenta anos na luta contra o narcotráfico fracassou. É necessário buscar novas alternativas. Devemos acabar com segredos e quaisquer tabus e dizer a pessoas: vamos discutir este problema”, disse.

Segundo o líder guatemalteco, os países da América Central não são grandes produtores e consumidores de drogas: através deles é efetuado apenas um trânsito de substâncias proibidas para os Estados Unidos. Neste contexto, o presidente propôs organizar um corredor de trânsito através destes países com postos de controlo fronteiriços em que as cargas com narcóticos sejam registadas.

No caminho da Colômbia para o norte dos Estados Unidos, o preço de um quilo de cocaína cresce de 1-2 mil dólares para 150 mil. Por isso, Otto Pérez Molina propõe exigir que os Estados Unidos e outros países consumidores de drogas produzidas na América paguem uma indemnização no valor de 50% do preço de mercado por cada lote apreendido.

Na opinião da cientista política Marina Tchumakova, do Instituto da América Latina, as propostas apresentadas pelo líder da Guatemala irão apenas agravar a situação ligada ao narcotráfico na região:

“A meu ver, tal pode levar a maiores ameaças à saúde e a uma criminalização ainda maior das sociedades e dos países latino-americanos. Na minha opinião, com tais declarações, Otto Pérez Molina tenta conseguir que os Estados Unidos aumentem a ajuda à Guatemala, onde este problema já se transformou num desastre nacional”.

Ultimamente, a possível legalização de narcóticos é discutida frequentemente em alguns países da América Latina. Assim, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, declarou no fim do ano passado que o seu país está disposto a discutir o tema da possível legalização de drogas a nível internacional. Anteriormente, o presidente da Bolívia, Evo Morales, propusera legalizar as folhas de coca, ingrediente básico da produção de cocaína. Um relatório da Comissão Global da ONU, apresentado em junho do ano passado, foi dedicado precisamente  a este tema. Na altura, os peritos convergiram na opinião de que a luta contra as drogas leva apenas ao reforço do narcotráfico e da criminalidade organizada. Ao mesmo tempo, esta luta custa milhões de dólares aos contribuintes e leva milhares de vidas humanas.

Entretanto, vários países, inclusive a Rússia, manifestam-se decididamente contra tal medida. O porta-voz do Serviço Federal de Controlo de Narcotráfico da Rússia, Nikolay Kartachov, disse em entrevista à Voz da Rússia:

“Posso dizer que a experiência e mesmo as tentativas de alguns países de legalizar narcóticos nunca levaram a bom resultado. Posso referir como exemplo a experiência da Holanda, onde a legalização de algumas substâncias narcóticas levou a um crescimento da toxicodepedência, o que, por seu lado, provocou um surto de criminalidade”.

Entretanto, a ideia proposta pelo líder guatemalteco foi apoiada por alguns dirigentes de países vizinhos e, pelos vistos, este tema será abordado na cúpula pan-americana que irá decorrer na Colômbia entre 14 e 15 de abril.
Fonte: VozdaRussia