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A questão das “prisões secretas” da CIA na Polônia voltou a ganhar atualidade

A investigação do caso da suposta existência no país deste tipo de prisões em 2002-2003 foi encaminhado pela Procuradoria de Apelação de Varsóvia para a Procuradoria de Cracóvia. Na opinião dos analistas, as autoridades polonesas tentam, desta forma, voltar a abafar o escândalo.

A polêmica sobre as prisões secretas da CIA começou em fevereiro de 2005 depois de uma publicação no WashingtonPost. Segundo o jornal americano, a CIA estaria a esconder os criminosos mais perigosos da Al Qaeda nos chamados  black sites:prisões localizadas nos países da Europa de Leste, como a Lituânia e a Polônia.

Em Agosto de 2008, começou na Polônia uma investigação sobre a possível existência de black sites no país. No entanto, as autoridades polacas continuaram a negar a existência de prisões secretas ad CIA em território polonês. Vladimir Bruter, perito do Instituto Internacional de Investigações Político-Humanitárias, explica: O fato de existirem no país prisões estrangeiras significa que o presidente e o primeiro-ministro infringiram a lei.

“Do ponto de vista jurídico, tal contradiz as leis da Polônia e, por isso, toda a pessoa que tenha permitido semelhante procedimento no país, sem a respetiva autorização, cometeu um crime e deve ser punido. Do ponto de vista político, a Polônia é considerada aliado dos Estados Unidos e, evidentemente, não podia ignorar tal pedido por parte dos EUA, caso ele realmente tenha tido lugar. Tal significa que, para uns, a lei está escrita mas, para outros, não é bem assim”.

Nestas prisões, os detidos eram supostamente sujeitos a pressão psicológica, eram torturados através de simulacros de afogamento, privação do sono e outros métodos de interrogatório proibidos pela Convenção da ONU sobre os Direitos Humanos. Nas palavras de Vladimir Bruter, os EUA aproveitavam-se desta maneira dos seus aliados para não utilizar o seu próprio território.

“Na minha opinião, não se tratava de centros de detenção como tais mas sim de deportação. Existiam simplesmente porque não havia possibilidades de alojar todos os detidos em conformidade com a lei. Daí os EUA utilizarem os territórios de países da Europa de Leste para tais fins”.

Em fevereiro de 2009, Barack Obama ordenou o encerramento de todas as prisões da CIA. Mas esta ordem não foi cumprida, o que escapou à atenção da opinião pública. A base de Guantánamo continua a existir em Cuba. Se se chegar a confirmar a existência de prisões secretas na Lituânia, Polônia e outros países da Europa de Leste, a imagem do presidente norte-americano, que espera ser reeleito para um segundo mandato, ficará inevitavelmente efetada, diz o especialista em assuntos americanos Felix Burdjalov:

“A existência de prisões norte-americanas em outros países é ilegal. É óbvio que isso se repercutirá de forma negativa na imagem de Obama. Cabe referir que as possibilidades de Obama neste plano são muito limitadas. A prisão de Guantánamo não foi fechada até agora e os militares exercem grande pressão sobre o presidente. Sejam quais forem os desejos de Obama, este vê-se obrigado a ir a reboque deles.

Esta semana, o agente da CIA José Rodriguez publicou o livro “Medidas Duras”, justificando as torturas refinadas aplicadas aos detidos nas prisões secretas. O livro provocou grande discussão no seio da opinião pública mundial e centrou novamente a atenção nos países de Leste que, para agradar aos EUA, violaram a lei e enganaram os seus cidadãos.
Fonte: VozdaRussia